Com sua necessidade especial, Deiziane dos Santos Motos, 24 anos, residente no Distrito de Bandiaçu, em Conceição do Coité, está de malas prontas rumo a Santa Inês, onde cursará Biologia no Instituto Federal da Bahia através de bolsa do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM.
Junto com essa sonhada conquista também veio sua aprovação no concurso público prestado para a mesma instituição, onde Deiziane será a primeira professora da disciplina de Libras.
Marli dos Santos Reis, mãe de Deize como é carinhosamente tratada pelos amigos, diz ter sido um choque quando descobriu que sua filha possuía uma necessidade especial. “Minha primeira reação foi o desespero, ela era tão linda que eu não via nem uma imperfeição, mas após os parentes comentarem levei ao médico e veio a confirmação, a minha filha era deficiente auditiva. A partir daquele momento começou minha luta, passei a viver para a minha filha”, afirma Marli.
Uma mãe que nunca se deixou abater pelas dificuldades a qual a sociedade coloca para a sua filha, Marli era semi-analfabeta voltou a estudar para ajudar Deize. “Muitas foram as dificuldades às vezes eu chorava escondido para ela não ver e, quando eu dizia vou parar de estudar ela falava eu também paro, então eu voltava para a escola, pois faço qualquer coisa pelas conquistas da minha filha”.
Deize concluiu o 2º grau na escola regular e até este momento não sabia falar em Libras. Seu primeiro contato foi através de um curso realizado por profissionais de Feira de Santana trazidos para Coité pelo Padre Elias Cedraz.
A partir de então a jovem se inteirou no universo da linguagem de sinais e foi formado o projeto Despertar do Silêncio, junto a Associação de Jovens de Bandiaçu. Essa ação tem o objetivo de apoiar pessoas com deficiência auditiva e educar e conscientizar a comunidade, que não se trata de doença e sim de uma necessidade especial.
Oficina de Capacitação
Com apoios das suas amigas que também aprenderam a usar a linguagens dos surdos, Deize explicou a diferença da língua portuguesa para a Língua Brasileira de Sinais-Libras. Ensinou expressões como bom dia, tchau, com licença, obrigada, por favor. Palavras usadas no dia a dia, mas que os surdos e mudos nunca encontram quem o entendam em instituições como Banco, Correios, precisando sempre está acompanhado de um interprete.
Esse também foi um momento de despedida. Na sala adaptada a aulas de Libras, conquistada recentemente através da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, os professores e amigos de Deize prepararam algumas surpresas e, na fala de cada um era externado a felicidade da conquista da sua ex-aluna. Que muito sofreu em vestibular e concurso, já que todos que ela fazia tinha sua redação anulada, pois a escrita de surdo é diferente e tem que ser avaliada de forma diferente. Eles escrevem como falam, não usando muitas das regras de português.
Por: Raiane Lopes (Calila Notícias)